Divergências e Convergências

AUTORES: Gilson Soares; Lamartine Cabral; Atila de Moraes; Hemanoel Mariano; Bruno Sales.

A experiência de ir ao cinema tem passado por diferentes questionamentos ao longo de história da chamada sétima arte. Será possível dizer que nessas diferentes formas subjaz um ritual de se vivenciar o cinema? Um rito que, mesmo variando pela passagem da exigência dos tempos, guarda um fio de continuidade através das diferentes formas de exibição e comercialização dos filmes? Talvez o que se tenha como resposta seja uma história de final aberto em que pessoas de diferentes origens sociais, de diferentes lugares, por diferentes propósitos, lidam como o cinema na medida de seu maior desafio: por que eu continuo vindo aqui?  Cinema para leigos, cinema como uma simples diversão, não se preocupando muito em debater sobre os aspectos dos filmes. Que verdade há nisso se cada sensação também pode ser conceito: a dor na tela é tão real quanto a que sinto? Ou a idéia que tenho desta dor é que me faz saber a dimensão do que sinto? Os mais críticos esquartejam Putnik, disse o sábio Gullar, o cinema ri e vai comprar pão…  A formação acadêmica, epistêmica generalizante, a análise do pormenor para a produção da teoria é tão fria assim? Cada antessala de uma reunião de produção, ou a própria nota na revista/jornal, ou a sala de aula da academia está cheia de zumbis, homens de negócios, catedráticos sem alma, esquartejadores de Putnik?

O contato com o cinema de cada um desses personagens pode ser comparado de alguma forma, pois temos um ponto comum: são diferentes maneiras de se experimentar o cinema. A dicotomia sensação versus conceito não pode ser apresentada de maneira a traçar paralelos de conhecimento, pois a pessoa que se afasta do  tom crítico não pode ser taxada de superficial, enquanto a pessoa que vê o cinema como objeto de crítica não pode ser elevada ao patamar de especialista. A simples resposta aprisiona tanto a certeza da interseção quanto a necessidade da distância. Seria muito simplista a dicotomia, pois resumiria e dividiria a relação do contato com o cinema em dois patamares: o nível sensorial e o nível racional.

Desse modo, a experiência do cinema é muito ampla, seja ela no tocante ao “pseudo-inocente entretenimento” ao “rígido-ácido conceito”, cada indivíduo na sala de cinema faz parte deste todo complexo em que as fronteiras paixão e razão se dissolvem, ou se não dissolvem, se afrouxam frente à dinâmica do apagar das luzes e da tela gigante. Somos várias sensações e conceitos que ressoam uns sobre os outros…..  hipnose coletiva? Aula expositiva coletiva?

Ensaios para disciplina Cinema e Pensamento de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará.