Em Volta da Praça
Recuso-me a olhar em volta da praça e não ver a impetuosa elegância,
Não exagero em dizer que os letreiros apagados abriram as porteiras do inferno.
Ora, regozijem com suas línguas coléricas em vossos túmulos, clérigos malditos.
Apregoadores da desgraça solene que obstruiu os poros transpiradores da minha praça
A culpa foi do fogo! A culpa foi da caixa falante do capeta! Da moça que não foi mais!
Imundos urubus tomaram conta de tudo. Tudo! Tudo! Tudo!… Que merda. Merda! Merda! Merda!
Olho e não os vejo, o que vejo não sinto, queria eu não poder enxergar o caos.
Para onde foram os risos, cadê o acalento da imagem andante, os pulsares da vibração do ar???
Respondam-me seus covardes, ou calem-se diante da mesquinhez dos seus escambos morais.
Ofereço meu mindinho por mais um minutinho. Meu mindinho não, meu mundinho pelo seu mundão.
Dei-me oportunidade de experimentar tudo o que foi, de sentar-me em seu colo,
De olhar seus compassos, de respirar-te, quero tudo o que não tive, quero participar de seus momentos de glória.
Ser fecundado pelo sabor dos seus caprichos. Sim! Isso! Caprichos da arte, da voluptuosa arte…
Ai quem me dera isso, ai quem me dera aquilo, ai quem me desse uma dose de cicuta
Só para não ver o ultimo dos seus partir… antes um corpo sem vida que o Ferreira sem Cinema.