Sua casa é repleta de raridades. Fotos, telefones antigos, livros, discos e filmes. A acolhida é cheia de simplicidade, assim como seus moradores, Seu Cristiano e Dona Douvina. Escondido entre os objetos está um bilhete singelo que sua amada faz questão de mostrar: declarações de amor do marido com quem está casada há mais de 40 anos. Um homem apaixonado nota-se, mas não somente pela esposa, mas por toda a história contida em seus objetos.
Bastante crítico, não aceita a falta de preservação da memória na cidade. Seu Cristiano é de outra época. Época que ele faz questão de preservar em suas fotos, mantendo essa memória fresca em sua mente, buscando perpetuar esses momentos.
Ao começar a falar de cinema o faz com muito saudosismo. Somo absorvidos por um mundo de lembranças que ganham vigor em suas palavras. Ele nos lembra da grande quantidade de cinemas que existiam em Fortaleza e acabaram por dar lugar a outros prédios e lojas. Episódios engraçados e as mais diversas “cenas” vem à tona por meio do homem que queria ser Humphrey Bogart na juventude.
Vem à memória o ritual que existia para ir ao cinema, os acontecimentos pitorescos e a importância que estes lugares tinham para a cidade. Cine Majestic, Cine Rex e Cine Diogo fizeram parte de boa parte de sua vida e de toda uma geração. Hoje, nostálgico, Seu Cristiano fala sobre as mudanças ocorridas até os dias de hoje. A chegada da televisão e os impactos dessa tecnologia na sociedade, inclusive nele mesmo.
Ah o cinema brasileiro…. para Seu Cristiano nosso cinema ainda não se assumiu verdadeiramente. Lembra o caso das chanchadas que tanto divertiam o público, mas que por muito tempo foram execradas pelos críticos, que secretamente adoravam assisti-las.
Ir ao cinema significa ser absorvido pelo filme, viver junto ao personagem em busca de um “happy end”. Essa mágica, tão perdida atualmente, deve ser lembrada, assim como um beijo ou um suspiro, não importa o tempo que passar.