Projetos de Pesquisa

 

Aproximações, Distanciamentos. O Plano no Cinema Contemporâneo, um Problema Político-Estético: O projeto pretende colocar como uma questão central da pesquisa a posição ocupada/definida pelo Plano na forma do fazer cinematográfico. A partir dessa tese central, nossa proposição é realizar uma cartografia dos usos dos diferentes planos na produção cinematográfica contemporânea, tomando como objeto um certo número de filmes, a serem definidos a partir da exibição em festivais e mostras de cinema cujo foco são as novas apostas estéticas e pelo modo como seus realizadores/cineastas fazem do plano uma concepção estética.

Artesãos Audiovisuais em Form’ação: O(s) modus operandi no artesanato digital de “vídeo-remix” tem como intuito o ensino-aprendizagem compartilhado: visa, ao auferir um breve mapeamento do audiovisual via apropriação através de trabalhos audiovisuais que desafiam as narrativas cinematográficas já clássicas, criar um espaço de debate quanto às estéticas, poéticas e os gestos de montagem à forma “ensaio audiovisual” (vídeo-ensaio, filme- ensaio, ensaio videográfico etc). O projeto, cadastrado em 2013 a nível graduação, é oriundo da pesquisa em doutorado Retóricas Audiovisuais (2007-2015).

Gêneros Cinematográficos: Narrativa, Dramaturgia, Estética e Hibridismo na Contemporaneidade: Definido como um conjunto de recursos discursivos que compõem uma obra e que permite a aproximação e a diferenciação entre os mais diversos filmes, os gêneros cinematográficos constroem a história da sétima arte. O western a partir dos anos 1910, o expressionismo alemão e a sua influência no surgimento do terror na década de 1920, o advento do som sincrônico e a criação do musical, os filmes policiais dos anos 1950 e o road movie dos anos 1970 são alguns dos exemplos. Nesse sentido, o presente projeto pretende explorar as produções contemporâneas, estudando o atual estado do audiovisual e seus gêneros cinematográficos, observando suas narrativas e dramaturgias, discutindo as estéticas e o hibridismo na contemporaneidade.

O Ato Criativo de Produzir: Desafios da Produção no Cinema e Audiovisual: Esta pesquisa considera a complexidade da produção audiovisual sob a perspectiva do ato criativo de produzir, em que as tomadas de decisão da produção acerca de todos os recursos humanos, materiais e financeiros a serem empregados no filme, são feitas, ou deveriam ser feitas, a partir também de um gesto criativo, baseado no que se acredita, prevê ou espera obter, e que resultam não apenas na obra como produto final, mas também na sua qualidade estética e artística.

LABORO - O LABORO (Laboratório de Desenvolvimento de Projetos e Roteiros Audiovisuais) deu início às suas atividades em 2017, com a finalidade de formar um grupo de estudantes interessados em desenvolver roteiros para sua posterior realização, seja através de editais, leis de incentivo, ou por iniciativa própria. O Laboratório foi concebido para suprir uma necessidade observada no Curso de Cinema e Audiovisual para além da sala de aula, agregando alunos interessados no desenvolvimento de roteiros e que queiram se profissionalizar na área. Os objetivos gerais são estimular o desenvolvimento de projetos e roteiros audiovisuais, contribuindo para o processo de formação do aluno, e valorizar a contribuição do graduando no laboratório e na sala de aula, propondo espaços horizontais de discussão e formação de conhecimento. Os encontros acontecem quinzenalmente, e as datas são definidas no início de cada semestre, a partir da disponibilidade das pessoas interessadas em participar e desenvolver seus roteiros.

Projetos de pesquisa da Professora Beatriz Furtado:

1) Políticas da terra: encontros da universidade com os saberes e fazeres afro-indígenas- Este projeto dá continuidade ao trabalho realizado junto à Formação Transversal em Saberes Tradicionais na UFMG e articula uma rede de alianças e experiências compartilhadas que já se vislumbrava em diversas frentes, entre as universidades federais de Minas Gerais, do Ceará e do Sul da Bahia, e a Teia dos Povos. Especialmente, nos interessa retomar duas experiências desta Formação, as disciplinas Políticas da Terra e Escolas da Terra. Nelas, soubemos das várias lutas pela terra em assentamentos de trabalhadores rurais, comunidades indígenas, em quilombos e terreiros de religiões afro-brasileiras; as injustiças e as várias formas de invenção política que estas comunidades abrigam. No projeto, estas iniciativas se retomam e se desdobram em três conjuntos de atividades: a primeira visa instaurar um processo de pesquisa compartilhada com mestras e mestres de tradições indígenas e afro-brasileiras, ampliando sua presença em uma perspectiva decolonial e, mais ainda, contracolonial na universidade. A segunda frente se refere à edição, publicação impressa e audiovisual e circulação de resultados da pesquisa compartilhada com mestras e mestres. Por fim, em uma terceira frente, daremos continuidade às experiências de formação protagonizadas por mestras e mestres, em cursos oferecidos nas universidades e no Assentamento Terra Vista. Por meio destas ações de pesquisa, publicação e formação, o projeto se esforça por não separar a criação compartilhada de conceitos e as práticas concretas nos territórios. Ele busca conhecer, em suas especificidades, experiências ligadas às lutas pela terra (os assentamentos rurais, as retomadas indígenas e quilombolas, os enfrentamentos das comunidades pesqueiras; os modos de cultivo, de base agroecológica, nos vários biomas), em metodologias que procuram desfazer a divisão persistente entre sujeitos e objetos do conhecimento..
Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa.

2) Retomar as imagens, retomar a história: cinema-processo e luta por direitos em filmes brasileiros contemporâneos – Este projeto parte da atenção à produção contemporânea de cinema no Brasil, tendo em vista três aspectos inter-relacionados: a autoria coletiva ou compartilhada, a retomada dos arquivos de imagens para a elaboração reversa da história, e a devolução dos acervos às comunidades onde eles foram gestados. Trata-se do desdobramento de uma pesquisa dedicada especificamente aos filmes realizados por diretores ou coletivos indígenas. Aqui, estratégias de criação e elaborações formais percebidos no âmbito do chamado cinema indígena são correlacionadas a experiências fílmicas em outros domínios (filmes realizados em comunidades quilombolas, ocupações urbanas e assentamentos rurais, espaços de religiões afro-brasileiras etc.). Em vários destes trabalhos, notam-se processos de coletivização da autoria dos filmes, que são convocados a participar de relações de socialidade que os constituem e os atravessam. Essa autoria compartilhada passa muitas das vezes pela retomada de arquivos históricos ou recentes que são assistidos conjuntamente pela comunidade, em um movimento de retro-alimentação da criação das imagens. Os arquivos tornam-se objeto de uma experiência de reelaboração coletiva da história, algo que se registra na filmagem e se retoma na montagem. Ao serem feitos de modo engajado em processos de luta e retomada de direitos (à terra, à moradia, à igualdade de oportunidades etc.), os filmes criam acervos que são, muitas vezes, devolvidos às comunidades de origem, induzindo experiências de elaboração das imagens, de modo a incidir em mobilizações no presente destas comunidades. Essas estratégias e operações fílmicas nos permitem pensar uma profícua produção recente sob a chave do cinema-processo, no qual as idas e vindas das imagens entrelaçam o cinema ao vivido, a história ao presente, e os filmes às relações de onde surgem e nas quais intervêm.

3) O cinema como forma de diálogo entre o conhecimento científico e os saberes dos povos originários – Esta pesquisa que toma como questão central os saberes tradicionais de que são portadores os mestres e mestras da cultura, guardiães que são da história de seus povos, das suas práticas ancestrais, de seus saberes e de suas espiritualidades. O reconhecimento dos saberes tradicionais é de fundamental importância para garantia de outras formas de vida. O que a Universidade pode aprender com esses saberes? Como a universidade pode dialogar e transdisciplinarizar? Como a universidade pode fazer parte do pagamento da dívida histórica que o Brasil tem esses povos?   A proposta se inscreve no desafio de fazer do Cinema um instrumento do diálogo entre saberes, sobretudo hoje, quando vemos surgir a força de outras epistemologias no campo científico, não apenas no campo não das chamadas ciências humanas e artísticas, mas também e fortemente no campo da Biologia. Nas artes do cinema, vemos nascer o que Ailton Krenak chama de Ocupação das Telas, o que significa dizer: os povos indígenas precisam ocupar o cinema, o audiovisual, precisam ser visibilizados e partilhar suas experiências através das imagens.

Projeto de pesquisa da professora DANIELA DUMARESQ:

Título: Imagens da história: o impeachment da presidenta Dilma Rousseff visto pelo cinema documentário

Resumo: Este projeto propõe um estudo teórico e analítico das relações entre cinema e história, a partir da análise de filmes documentários que foram realizados durante e logo após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016. A pesquisa se interessa particularmente pelo lugar do cinema documentário na escrita de uma história do presente. Para o desenvolvimento da pesquisa estão sendo realizados estudos bibliográficos, especialmente sobre os temas: cinema, cinema documentário, cinema e sociedade, cinema e história e história do presente. Soma-se a pesquisa teórica, o trabalho de análise de filmes de longa-metragem, entre eles: O Muro (2017), de Lula Buarque de Hollanda; O Processo (2018), de Maria Augusta Ramos; Excelentíssimos (2018), Douglas Duarte; Democracia em Vertigem (2019), de Petra Costa; Não Vai Ter Golpe! (2019), de Alexandre Santos e Fred Rauh; e Alvorada (2021), de Anna Muylaert e Lô Politi. A pesquisa teve início em 2022, no Centre d’étude et de recherches em Histoire et esthétique du cinéma – CERHEC, na Université Paris 1 – Panthéon-Sorbonne, sob a supervisão da professora Sylvie Lindeperg.

 

Projeto pesquisa professora SAMANTHA CAPDEVILLE:

Título: O ATO CRIATIVO DE PRODUZIR (samanthaproducao@gmail.com) - Analisa o processo produtivo a partir de seus aspectos artísticos que interferem diretamente no resultado final da obra audiovisual. A função do produtor é quase sempre entendida como o profissional que está à serviço da criação e não parte dela. No entanto, a partir de uma crítica de processo, o presente estudo visa compreender o papel do produtor criativo, observando o filme também como resultado do processo produtivo.

 

 

Grupos de Estudo

 

#ir! (Intervalos & Ritmos: grupo de estudos em montagem e design audiovisual): Aprofundamento quanto às estéticas da montagem audiovisual em distintos dispositivos e obras artísticas (da teoria à prática e vice-versa), incentivando o debate das formas/composições áudio e visuais desde suas gestualidades de montagem via banco de dados e design, com auxílio de bibliografias referentes. O #ir! está ligado ao Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Ceará (Projet’ares Audiovisuais /PPGARTES/ICA/UFC – www.projetares.art.br), que abrange também o media lab #MESA desde 2013, e vem reunindo estudantes e pesquisadores de outros cursos e Universidades, compondo-se desde 2017 como um coletivo de Arte atuante na cidade de Fortaleza, com parcerias nacionais e internacionais.

cOaLHO – coletivo de pesquisa em Cinema e Audiovisual: dedica-se ao estudo e à produção de documentário, com atividade de cineclube, grupo de estudos e pesquisa estética. Como resultado desse trabalho tivemos as obras criadas no interior do coletivo: Olhaaquisemcompromisso, obra instalativa, e o curta-metragem A rua é a feira. Ao mesmo tempo forjaram-se no interior do coletivo obras autorais e TCCs de diferentes estudantes que passaram pelo cOaLHO.

FOMENTA (A Produção Audiovisual a partir de seus Mecanismos de Financiamento): Através de leituras semanais, o grupo promove o conhecimento e o debate sobre Leis, Fundos, Programas de apoio, projetos de patrocínio, merchandising, crowdfunding, programas de co-produção nacionais e internacionais, formatos de apoio, entre diversas outras possibilidades para a viabilidade financeira de projetos para Cinema e Televisão.  Grupo de estudo sobre mecanismos de incentivo e viabilização financeira de projetos audiovisuais a partir da análise em conjunto das principais leis de incentivo e editais nacionais e internacionais, além de eventos de mercado com o objetivo de auxiliar os alunos na criar e formatar seus próprios projetos. Todos os encontros contam com a participação de alguém que tenha sido contemplado no edital em estudo.

IMAGO (Laboratório de Estudos de Estética e Imagem): O Imago analisa a imagem sob o ponto de vista da estética e da comunicação e tem como objetivos discutir as metodologias atuais de análise de imagens, investigar produções imagéticas em acordo com as categorias propostas por autores ligados à nossa pesquisa e fomentar o intercâmbio de saberes na comunidade acadêmica e entre os grupos de pesquisa ligados ao Laboratório. Desdobramento do grupo de pesquisa Vilém Flusser, que teve início em 2010, o Imago está ligado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM-UFC), e reúne estudantes e pesquisadores de outros cursos e Universidades. LABORO      (Laboratório                    de    Desenvolvimento  de                      Roteiros            e       Projetos Audiovisuais): Tem como finalidade formar um grupo de estudantes que se interessam em desenvolver roteiros para sua posterior realização, seja através de editais, leis de incentivo, ou por iniciativa própria, através da participação na pesquisa e desenvolvimento de roteiros para aprimorar sua capacidade na escrita e para atender a uma demanda recente da área, de produção de conteúdo.

LEEA (Laboratório de Estudos e Experimentações em Artes e Audiovisual): Grupo de pesquisa cadastrado no CNPq, conjugando pessoas da graduação e da pós-graduação. Entre as suas atividades estão a organização de mostras, debates e encontros científicos que tratam do cinema contemporâneo. O LEEA participou da organização, entre outras atividades, do I e III Encontro Internacional de Imagem Contemporânea, respectivamente nos anos de 2009 e 2018, e do Colóquio Internacional Pós-Fotografia, Pós-Cinema e o Devir das Imagens Contemporâneas das Artes, em 2014. Foi responsável pela Mostra Agnès Varda, com o lançamento nacional do filme Les Plages d’Agnès, e da Semana Agnès Varda, com a presença da diretora. Em 2020 realizou, em parceria com o Imago, as Ações de Erodir, ciclo de conversas com artistas, ambientalistas, indígenas, com os movimentos de negritude, de mulheres e das múltiplas sexualidades, recebendo pessoas de diversos lugares do Brasil e de outras partes do mundo.

Além de manter os grupos de estudos e experimentações, o curso promove Debates com realizadores e pesquisadores impulsionando o diálogo com o ambiente profissional e com a pesquisa acadêmica exterior à UFC. Desde 2010, entre as pessoas que vieram conversar conosco estão: Adirley Queirós, Bernard Robert-Charrue, Cavi Borges, Cezar Migliorin, Denilson Lopes, Guto Parente, Ivo Lopes, Karim Ainouz, Kênia Freitas, Leonardo Simões, Luiz Pretti e Ricardo Pretti, Maurílio Martins e Gabriel Martins, Micheline Helena, Patrícia Moran, Paulo Herkenhoff, Pedro Diógenes, Petrus Cariry, Rosemberg Cariry, Sérgio Britto, Taís Campos, Themis Memória.

Os diferentes projetos de pesquisa e extensão e as atividades extracurriculares propostas às/aos estudantes têm por finalidade contribuir para uma formação autônoma e crítica, capaz de articular realização e pensamento e promover o exercício ético da profissão em diferentes frentes de atuação. De acordo com o perfil do egresso deste Projeto Pedagógico de Curso, a ênfase em realização deve ser combinada com uma atuação crítica e afinada com as demandas éticas, estéticas e sociais da sociedade contemporânea. Desse modo, o curso propõe ao longo da graduação a vivência em grupos que têm em sua base a superação da dicotomia teoria e prática e, ao mesmo tempo, a centralidade dos debates contemporâneos.